Calendário 2022 enaltece a parentalidade positiva

Calendário 2022 enaltece a parentalidade positiva

Desde há 10 anos que o Caerus – CLDS4G desenvolve a sua intervenção junto da Infância e Juventude, seguindo metodologias e princípios dos Direitos das Crianças, conforme estabelecido na Convenção das Nações Unidas. As atividades desenvolvidas têm por base a participação ativa das crianças e jovens, a informação e vivência dos Direitos Humanos, o desenvolvimento de atitudes de respeito pela igualdade e dignidade e aquisição de competências para a defesa desses direitos fundamentais.

Considerando que a Parentalidade Positiva refere-se ao “comportamento dos progenitores respeitador dos melhores interesses e direitos da criança” e que o Caerus trabalha no sentido de desenvolver e treinar competências características da parentalidade positiva, o Calendário 2022 baseia-se na informação e divulgação de alguns destes princípios.

Acompanhe-nos mês-a-mês e descubra como ser um pai e mãe ainda mais positivos, e assim, tornar-se no primeiro defensor dos Direitos Humanos do seu filho ou filha.

Se precisar de apoio lembre-se que pode procurar ajuda em: centros locais e serviços de informação, aconselhamento e formação sobre parentalidade; espaços onde os pais possam trocar experiências e aprender uns com os outros; programas educativos durante a gravidez e restantes estádios de desenvolvimento da criança; linhas de apoio para pais e crianças em situação de crise; programas de prevenção do abandono escolar e à promoção da cooperação entre escolas e pais.

Muitas destas respostas estão à sua disposição no Caerus – CLDS4G. Estamos aqui para si!

Alguns princípios da parentalidade positiva:

Pai, Mãe positivos são os que respeitam os Direitos da Criança.

O pai e mãe positivos cuidam, capacitam, guiam e reconhecem as crianças como indivíduos no gozo pleno dos seus direitos. Desenvolvem atitudes e comportamentos que promovem um crescimento adequado, às necessidades de cuidados físicos, emocionais, padrões de comportamento e regras que façam as crianças sentirem-se amadas e seguras. 

Pais positivos dão sustento às crianças e estão atentos às necessidades de amor, carinho e segurança!

Por vezes os comportamentos inapropriados (birras, berros fúria…) podem ter origem em algo que incomoda as crianças, como medo, insatisfação, dificuldades. Se os pais identificarem os problemas, são capazes de os antecipar e assim evitar estas atitudes desadequadas. (Se chora quando tem fome, então vou cumprir um horário rigoroso para a sua alimentação. Se faz birras para chamar a atenção, vou dedicar mais tempo “de chão” a brincar com ele/a. Se perde o controlo, então vou proporcionar segurança e escuta sem ceder aos seus desejos e caprichos.). Identifique as necessidades do seu filho, para melhor adequar as suas respostas! É importante demonstrar os afetos abertamente! É preciso beijar, abraçar, elogiar, sorrir, brincar, perseguir os seus interesses, dedicar-lhe tempo. Só assim é que a criança se sente verdadeiramente amada e segura. Condição indispensável ao seu desenvolvimento.

As crianças crescem e fazem melhor quando os seus pais são calorosos e protetores!

As crianças naturalmente procuram a atenção das pessoas. É quase uma regra de sobrevivência! E procuram essencialmente a atenção dos pais. Quando não recebem atenção positiva dos pais, através de elogios, brincar, vão tentar a atenção negativa (critica, discussão), portando-se mal, uma vez que para a criança isso é preferível a não receber atenção nenhuma. Para estimular melhores comportamentos, dê atenção positiva assim que a criança comece a chamar a atenção. Seja caloroso e protetor!

As crianças crescem e desenvolvem-se melhor quando os seus pais passam tempo de qualidade com elas.

E tempo de qualidade refere-se à disponibilidade, à partilha sem telemóveis, televisões ou tablets a interromper. O melhor tempo de qualidade que uma criança tem com os seus pais é a brincar! Muitos pais sentem-se desconfortáveis em brincar com os filhos. Esqueceram-se como se brinca e tentam ser eles a “controlar” a brincadeira, dando sugestões, transformando o brincar numa “lição”. A criança deve sentir-se livre para experimentar e praticar as suas ideias, e os pais e a mãe devem “obedecer” a quem controla a brincadeira – a criança. Uma boa atitude para mostrar interesse na brincadeira e na aprendizagem da criança é descrevendo e comentando o que se está a passar na brincadeira, quase como “relator” de futebol, estimulando a aprendizagem e a linguagem.

Estabelecer os limites que as crianças precisam para crescer e desenvolver o seu potencial ao máximo, é Parentalidade Positiva.

As crianças necessitam de uma rotina saudável. Essa previsibilidade (que incomoda os adultos), é extremamente útil para que as crianças se sintam bem, desenvolvam comportamentos adequados e cumpram as regras com mais facilidade. As regras devem ser claras, simples e estáveis e servem para facilitar a vida familiar e em sociedade. As regras e limites devem ser acompanhadas de uma explicação coerente para a criança. Uma explicação honesta e verdadeira.

A Parentalidade positiva educa as crianças num ambiente não-violento.

Resolver problemas sem violência ou agressão, física ou verbal, requer exercício, autocrítica, para explorar as nossas motivações e respeito pelos outros.   Exige ferramentas de comunicação e negociação tais como: escuta-ativa (escutar com atenção o que a criança está a dizer, perceber o significado do que a criança disse, dizer à criança o que acha que ela está a sentir), empatia (tentar perceber o que a criança está a sentir, e como se sentiria no seu lugar), negociar saídas para o problema, cedendo em algumas coisas e fazendo compromissos. A Parentalidade Positiva proporciona às crianças estrutura e Orientação, ou seja, sensação de segurança, uma rotina previsível e limites necessários.

As crianças merecem reconhecimento, ou seja, serem ouvidas e valorizadas! E acima de tudo ELOGIADAS!

Por vezes os pais sentem-se inseguros em elogiar, pois receiam que a criança fique mimada ou presunçosa, e guardam os elogios apenas para “grandes feitos” ou “grandes conquistas”. Contudo, pais positivos elogiam e incentivam desde as pequenas conquistas, ou seja, passo-a-passo, até que a criança alcance maiores conquistas. Quando o comportamento da criança é elogiado e recompensado, a probabilidade de o repetir é muito maior. Elogie os “pequenos passos”! E descreva o comportamento que está a observar: Adoro quando te sentas a pintar tranquila! Estou tão contente porque disseste “Obrigada!” Lindo menino, apanhaste os brinquedos para o cesto! Excelente, chamei-te e vieste logo ter com o pai!

Os pais que proporcionam às crianças Autonomia, melhoram a noção de competência e de controlo pessoal da criança.

A autonomia é um treino muitas vezes precedido por muitas situações de tentativa-erro. Os pais positivos podem incentivar este processo, tendo em conta que os “erros” são para ignorar, e que as tentativas são para valorizar e elogiar. Também é muito útil no processo de autonomia, ensinar os filhos a resolver problemas. Ao resolverem problemas, estão a treinar escolhas que lhes permitirão evoluir para se tornarem cidadãos responsáveis adultos, capazes de tomarem decisões ponderadas e de lidarem com conflitos interpessoais. Assim ao serem incentivadas a resolver problemas, estão a desenvolver competências para usar raciocínio crítico, tomar decisões, adotar diferentes perspetivas, colocando-se no lugar do outro. Partilhe as suas próprias experiências de resolução de problemas com a criança: “Vamos lá pensar como vou resolver isto. Em primeiro lugar, tenho que parar para pensar. E agora, com calma, qual será o melhor plano para resolver esta situação?”

Parentalidade Positiva exclui todos os castigos corporais e psicológicos humilhantes! Substitui-os por tempo de pausa, intervalo na brincadeira, menos mesada

O bater e outras punições físicas e psicológicas trazem desvantagens ao desenvolvimento das crianças a longo prazo. Se os pais usam estas estratégias como resposta aos maus comportamentos, estão a ensinar à criança que quando está zangada, pode ser agressiva e violenta. Quando os pais perdem o controlo, por vezes tendem a “compensar” com presentes ou privilégios. Esta atitude pode fazer com que a criança tolere ser batida, tolere a violência, na expectativa que venha a receber prémios. Outro resultado do bater ou das críticas humilhantes é que a criança aprende a esconder ou a mentir acerca dos problemas. As estratégias educativas como o tempo de pausa, o intervalo na brincadeira, menos mesada, ajudam a criança a aprender quais são os comportamentos inadequados, com a grande vantagem de a criança ganhar expectativa e confiança de que pode fazer melhor da próxima vez. Assim, a criança sente-se profundamente amada! Aprende a reagir de forma não-violenta à frustração, aprende a acalmar-se. Pais Positivos usam estratégias educativas e disciplinares positivas e mantêm uma relação de respeito, confiança e honestidade.

Na amizade as crianças desenvolvem competências sociais como empatia, cooperação, partilha e resolução de conflitos.

E descobrem o fantástico sentimento de pertença!  Mas se para algumas crianças é muito fácil fazer amizades, também há crianças para quem não é fácil fazer amigos. Os pais podem ensinar e praticar competências sociais com os filhos em casa. Pais Positivos ajudam os filhos a aprender a falar com os amigos, convidam e supervisionam amigos para brincar em sua casa, ajudam os filhos a controlar a agressividade e impulsividade e incentivam os filhos a inscreverem-se em atividades positivas na comunidade, como grupos desportivos ou culturais. 

Pais perfeitamente imperfeitos.

Ocasionalmente os pais sentem-se zangados, culpados, frustrados, incapazes ou incompetentes. Tal como as crianças, também os pais aprendem, experimentam e erram muitas vezes. Os erros dos pais não provocam danos permanentes nas crianças, pois elas são extremamente flexíveis e resilientes. Nenhuma criança precisa de pais ideais, defendeu Winnicott, necessita apenas de pais razoáveis, pessoas mais ou menos decentes e bem-intencionadas, embora com defeitos. Pais Positivos procuram motivação para novas ideias, prevenir riscos e procurar soluções que se adequam melhor a si próprios e aos seus filhos. Confie no seu instinto parental.